"Nunca vi nada assim". A frase do secretário de Administração da cidade de Guaraciaba, no oeste de Santa Catarina, sintetiza as consequências deixadas pelo excesso de chuva registrado no Sul e no Sudeste do Brasil nesta terça-feira. Pelo menos sete pessoas morreram. Outras 80 mil ficaram desalojadas ou desabrigadas, conforme os governos gaúcho e catarinense. Em São Paulo, o volume de chuva atingiu 90% do previsto para o mês inteiro.
Em alguns pontos da capital paulista, como no Mirante de Santana, na zona norte, o volume de água acumulado em 10 horas atingiu 66 mm, de acordo com a Climatempo. A marca correspondente a quase 90% da média de aproximadamente 74 mm prevista para o mês de setembro. Os ventos também castigaram os paulistanos, com rajadas de até 53 km/h.
O excesso de chuva parou o trânsito de São Paulo. Os rios Tietê e Pinheiros transbordaram sobre as marginais e deixaram os motoristas ilhados ou presos nos congestionamentos. Às 18h30, a Companhia de Engenharia de Tráfego registrou 150 km de lentidão em São Paulo.
A chuva, acompanhada de ventos, provocou pelo menos três mortes no Estado. Na zona leste da capital paulista, dois irmãos, um de 3 e outro de 9 anos, morreram no desabamento de três casas no bairro Cidade A.E Carvalho. Conforme a Defesa Civil, uma das residências foi atingida por um muro de uma escola infantil que desabou. Os dois meninos estavam sozinhos em casa.
Em Osasco, uma pessoa morreu em um deslizamento no Morro do Socó, na região metropolitana. Segundo a Defesa Civil do Estado, o desabamento atingiu cinco barracos, e três pessoas ficaram feridas com lesões leves. Na noite desta terça-feira, o Corpo de Bombeiros buscava outras três que estariam soterradas.
Com a forte chuva, o aeroporto de Congonhas operou por instrumento até as 17h15 desta terça-feira. Durante 15 minutos, chegou a ser fechado para pousos. Segundo a Infraero, quase 50% dos voos programados para o dia decolaram com atraso de pelo menos meia hora.